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Alvo de prisão, Anderson Torres é aguardado a todo o momento no Brasil.


Considerado principal responsável político pelos ataques de domingo em Brasília, o ex-ministro de Bolsonaro continua na Florida, para onde viajou de férias no dia dos atos. Substituto acusa-o de "sabotagem".


Anderson Torres foi o terceiro ministro da Justiça de Bolsonaro.


© EVARISTO SA / AFP.


João Almeida Moreira, São Paulo.


12 Janeiro 2023 — 07:00.


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Anderson Torres tornou-se o nome mais falado do Brasil nas últimas horas, depois de um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) ter ordenado a prisão do responsável pela segurança em Brasília no dia dos ataques às sedes dos três poderes da República. Ainda nos EUA, de férias, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, cujo regresso a solo brasileiro é aguardado a todo o momento, foi acusado pelo seu sucessor de "sabotagem".


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"Houve uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. Ele montou a sabotagem e viajou", disse Ricardo Cappelli, o interventor federal nomeado por Lula da Silva para assegurar a segurança no Distrito Federal, em conferência de imprensa.


Torres, 46 anos, foi o terceiro ministro da Justiça de Bolsonaro, depois de Sergio Moro, que se demitiu em abril de 2022, e de André Mendonça, que transitou para uma cadeira no STF. Com o fim do governo anterior, voltou, no dia 1 de janeiro, ao cargo que detinha antes, o de secretário de Segurança do Distrito Federal, a convite do governador Ibaneis Rocha. Dia 2, exonerou toda a equipa de segurança e nomeou pessoas da sua confiança. E, dia 8, o domingo dos ataques, viajou para o mesmo estado, a Florida, onde está Bolsonaro desde dia 30 de dezembro.


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"Coincidências? Se isso não é sabotagem, não sei o que é", continuou Cappelli.


Na véspera, o STF havia mandado efetuar buscas na casa de Torres e decretado a sua prisão. Ordenou ainda a prisão de Fábio Vieira, comandante da polícia federal à frente das operações no dia 8 e afastou Ibaneis Rocha do governo do Distrito Federal por 90 dias.


Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), "no mínimo, houve criminosa omissão do Governador do Distrito Federal, que terá anuído e concorrido, de maneira consciente e voluntária, para os gravíssimos crimes verificados em 8 de janeiro de 2023, em Brasília".


A PGR afirmou também que, com Ibaneis, têm responsabilidade sobre os factos, "em tese", Anderson Torres; o secretário de Segurança interino (já que Torres está nos Estados Unidos), Fernando de Sousa Oliveira; e o comandante-geral da Polícia Militar do DF, Fabio Vieira".


Dos EUA, Torres diz-se disposto a interromper as férias e a acatar as decisões da justiça brasileira. "Tomei a decisão de interromper as minhas férias e retornar ao Brasil. Irei apresentar-me à justiça e cuidar da minha defesa, sempre pautei as minhas ações pela ética e pela legalidade, acredito na justiça brasileira e na força das instituições, estou certo de que a verdade prevalecerá". Noutra ocasião, o ex-secretário disse que, entretanto, o seu telemóvel "foi clonado", o que foi entendido por observadores como uma tentativa de atrapalhar as investigações.


Cappelli, o interventor federal de Lula em Brasília, assegurou ainda, a propósito de novas manifestações de bolsonaristas previstas para os próximos dias, que "não há hipótese de se repetir o que aconteceu". "A democracia é plena e o direito à livre manifestação é permitido mas não se confunda isso com ataque ao património e à democracia", afirmou.


"Desta vez, todo o efetivo da segurança pública do Distrito Federal está mobilizado, em operação articulada, com o apoio da inteligência e com a colaboração e a presença de todo o nosso efetivo de segurança no Distrito Federal e da Força Nacional".


Precavendo as ameaças de novos atos, o juiz do STF Alexandre de Moraes determinou que as autoridades locais devem prender em flagrante quem ocupar e obstruir vias urbanas ou autoestradas e quem invadir prédios públicos, identificar os veículos usados nos atos e os seus proprietários e bloquear o uso desses veículos. Exigiu ainda que a aplicação de mensagens Telegram bloqueie canais e perfis ligados à convocação de atos.


Em reunião com os presidentes do Congresso Nacional e os líderes parlamentares dos partidos, Lula voltou a acusar Bolsonaro de responsabilidade nos ataques de dia 8. "Lamentavelmente, o presidente que deixou o poder no dia 31 não quer reconhecer a derrota, ainda hoje eu vi declarações dele não reconhecendo a derrota, mantendo esse grupo de doidos sem senso de ridículo sem entender que a eleição acabou e sem entender que o voto eletrónico é talvez o melhor modelo eleitoral do mundo".


Horas antes, Bolsonaro fora às redes sociais partilhar uma publicação em que suspeitava da eleição que retirou logo depois.


Os detidos na sequência dos ataques continuam, entretanto, num ginásio anexo a uma esquadra em Brasília, já sem idosos nem mulheres com filhos em idade infantil, mandados em liberdade. Eles vêm-se queixando do tratamento das autoridades, nomeadamente da qualidade e dos horários das refeições e do wi-fi no local.


A lista de presos, divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal já chega a 1028, dos quais 637 foram enviados para a prisão masculina da Papuda e 391 para a prisão feminina da Colmeia.


As autoridades também investigam os financiadores dos atos. Segundo Flávio Dino, ministro da Justiça, são, na sua maioria, empresários, grandes agricultores e colecionadores de armas, caçadores e atiradores desportivos das regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil.


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