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Saldão do blindado: carro usado protegido vale a pena ou é grande furada?


Na semana passada viralizou o caso de um motorista que conseguiu se livrar de uma tentativa de assalto com seu carro blindado. As imagens captadas por uma câmera de segurança são assustadoras e não tem como não se imaginar em uma situação como essa, passível de acontecer com qualquer um de nós.


Felizmente, somente o carro, no caso um luxuoso e nada discreto Porsche, sofreu com os tiros disparados pelos bandidos. O mais importante, no caso o motorista, nada sofreu e teve sua vida preservada. É o bastante para valorizarmos a blindagem de um carro e, no mínimo, cogitar a hipótese de ter um assim na garagem.


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Qualquer carro pode ser blindado. As blindadoras desmontam todos acabamentos internos e aplicam materiais resistentes a tiros de armas de fogo em toda a carroceria. Os vidros são substituídos por um "sanduíche" de materiais transparentes, que são bem mais espessos e exigem adaptações para serem instalados.


Devido a essas modificações no projeto original do carro, é preciso incluir a observação "Blindado" no documento. O resultado final é muito bom, e alguém desatento pode nem perceber que se trata de um carro blindado.


Já o preço para se blindar um carro é bem desanimador. Em média, fica entre R$ 60 e 70 mil para carros médios, e um pouco acima disso para veículos maiores. Sem querer entrar na discussão se o preço é justo ou não, é óbvio que é um valor alto que poucos podem pagar.


Para os que não podem pagar tanto, mas desejam a segurança proporcionada pela blindagem, podem recorrer ao mercado de usados, cada vez mais recheados de veículos assim.


Porém, com o passar dos anos, é preciso considerar que a desvalorização da blindagem tende a ser maior que a desvalorização do carro. Ou seja, chega um momento que o preço de um carro blindado usado empata com o de modelos sem blindagem. Se formos mais além nessa linha do tempo, as contas até se invertem.


Parece tentador um blindado mais barato que outro sem blindagem, mas é claro que existem motivos para que isso aconteça.


Vou exemplificar com um pedido que foi feito para mim nessa semana. Um cliente quer um carro blindado para deixar com a esposa. A exigência é que seja algo com mecânica simples e confiável, que não seja muito grande, e que custe até R$ 80 mil.


Colocando esses filtros em um desses classificados de veículos usados, aparecem mais de mil opções próximas de onde eu estou. Mas basta um olhar mais atento para percebem que se tratam de carros com no mínimo seis ou sete anos de uso, tempo suficiente para a blindagem ser uma grande dor de cabeça.


Ocorre que a blindagem também exige manutenção. Os materiais dos vidros tentem a se descolar por ação do tempo e torções da carroceria. É verdade que estão cada vez melhores, mas é inevitável que em algum momento comecem a aparecer as temidas delaminações, que além de feias, prejudicam a visibilidade do motorista.


Já as partes opacas também sofrem com ação do tempo, sem falar que podem ser danificadas em pequenos acidentes comuns na vida de um carro. Portanto, as blindadoras recomendam que os carros passem por manutenções periódicas, um custo alto que poucos fazem depois do período da garantia.


Tem também a própria manutenção do carro, que exige mais atenção que o normal. O acréscimo de peso na carroceria faz com que peças de freio e suspensão tenham desgastes prematuros. Já o motor e câmbio também são mais exigidos e é prudente que tenham os intervalos reduzidos de trocas dos fluidos, para dizer o mínimo.


Tem também o incômodo de ter que utilizar o ar-condicionado a todo momento, já que não faz sentido usar um carro blindado com janelas abertas.


Pessoalmente não vejo com bons olhos esses blindados mais antigos. Tive a oportunidade de avaliar vários, e na maioria das vezes me decepcionei. Tendem a ser carros mais "cansados" e negligenciados por seus donos. Portanto, nessa conversa com meu cliente, tentei convencê-lo de descartar a compra desse blindado para a esposa.


Com esses R$ 80 mil que ele tem de orçamento, fiz uma pesquisa rápida e encontrei carros usados sem blindagem, bem mais novos e interessantes, como um Toyota Yaris, um Peugeot 2008 ou um Citroën C4 Cactus, somente para ficar em alguns exemplos.


Veja você, meu caro leitor, que são veículos para lá de comuns, que vendem aos montes e passam despercebidos pelas ruas. As chances de um assalto são bem menores. Com isso, fiz ele repensar se realmente vale a pena colocar um blindado prestes a dar dor de cabeça na garagem, ou um usado mais simples, mais discreto e bem mais novo.


Fato é que não existe certo ou errado para essa situação, mas sim necessidades diferentes. Continuo não querendo um blindado para uso pessoal, mas respeito e entendo quem queira. Só gosto de colocar as cartas na mesa, para fazer a pessoa refletir se realmente precisa de um blindado.


Na minha opinião, carro blindado usado só faz sentido para modelos de marcas de luxo, que realmente chamam atenção nas ruas, ou para quem frequenta lugares tidos como perigosos. Para esses casos, nenhum dos inconvenientes que eu disse vão fazer sentido, e somente um blindado vai atender suas necessidades de segurança.


Já quem está fora desse grupo deve evitar que situações como a vivenciada pelo dono do Porsche sejam mais comuns do que parece. Claro que pode acontecer com qualquer um, mas assim como pode acontecer quando estamos andando a pé pelas ruas, e convenhamos que não vamos deixar de fazer isso.


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